A partir dos anos 70, o silício revolucionou a indústria eletrônica e microeletrônica e continua fazendo muito pelo mundo da tecnologia. O elemento é o principal componente da maioria dos semicondutores e material básico para a produção de transistores para chips, células solares e uma infinidade de circuitos eletrônicos.
Mas a surpresa veio em 2004, quando os russos Andre Geim e Konstantin Novoselov descobriram um material ainda mais interessante que o silício. Os pesquisadores ganharam o Prêmio Nobel de Física em 2010 após apresentarem ao mundo o “grafeno” – um cristal bidimensilonal de átomos de carbono. Para obter o material, eles realizaram um processo bastante simples de esfoliação: com uma fita adesiva foram desgastando aos poucos uma placa de grafite até chegar ao grafeno.
O grafeno é um material extremamente resistente, flexível, com excelentes propriedades térmicas, impermeável e com condutividade elétrica 100 vezes mais rápida que o cobre. "Isso nos permite fazer o que chamamos de eletrônica flexível - ter um display dobrável", explica Eunezio Antonio Thoroh de Souza, coordenador do MackGraf.
O interessante mesmo são as possibilidades que o grafeno pode e deverá trazer para o mundo da tecnologia. Um bom exemplo são as telas de tablets e smartphones, hoje sabemos o quanto elas são frágeis e quebram com facilidade. Neste caso, o grafeno poderia substituir o ITO – sigla para óxido de estanho dopado com índio – material transparente utilizado nas telas sensíveis ao toque que permitem detectar a posição dos dedos. A vantagem? Uma tela sensível, flexível e inquebrável.
"O fato de ele ser flexível significa que você pode depositá-lo em qualquer superfície. Voce pode recobrir a superfície de um espelho com grafeno. Você aperta um botão e o espelho vira uma tela de computador, por exemplo", diz Souza.
O grafeno também promete acelerar nossa internet. Hoje, as conexões mais rápidas utilizam a transmissão de dados através de fibras ópticas. O gargalo para aumentar essa velocidade está nos semicondutores usados para converter a informação óptica, neste caso a luz, em informação elétrica, para que ela possa chegar até nós através das telas e monitores.
" Esses elementos que fazem as conversões são os switches. O grafeno pode fazer essa conversão da velocidade ótica para a elétrica 100 vezes mais rápido que os dispositivos atuais", comenta Souza.
A euforia da descoberta fez muita gente acreditar que o grafeno substituiria definitivamente o silício, mas segundo o professor, não! Ele explica que o silício não vai ser substituído na grande maioria das aplicações porque ele funciona muitíssimo bem; cumpre seu papel. Para ele, apenas algumas aplicações que podem ter suas performance melhoradas optarão pela troca do silício pelo grafeno.
O que chama atenção são as novas aplicações; onde o grafeno pode chegar e fazer coisas que nenhum outro elemento é capaz. E com tantas propriedades, o grafeno poderá ser aplicado em vários setores da indústria automotiva, aeroespacial, biomédica, telecomunicações, eletrônica, de energia, de componentes e sensores.
"Se eu paro para pensar no universo de aplicações do grafeno, ele pode ser utilizado em vários setores. O silício é mais voltado para a eletrônica, enquanto o grafeno pode ser utilizado em vários setores.", defende Souza.
Estima-se que o potencial mercado do grafeno nos próximos dez anos é algo próximo a um trilhão de dólares. A importância mundial do grafeno é tão grande que a Comunidade Europeia lançou recentemente um programa que destinará um bilhão de dólares à pesquisa sobre o material em vários países.
O Brasil não vai ficar para trás. A previsão é de que o primeiro centro de pesquisas avançadas em grafeno da América Latina seja inaugurado aqui, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no primeiro semestre de 2014. Foram investidos 30 milhões de reais para criar o MackGrafe, que terá como objetivo principal não só dominar as técnicas de obtenção do grafeno.
"Ele visa estudar as propriedades para desenvolver tecnologias e dispositivos que atendam as necessidades da sociedade", diz Souza.
Em outras palavras e bastante otimistas, podemos dizer – mais uma vez – que o futuro é agora! O grafeno promete simbolizar essa nova revolução na indústria microeletrônica, na tecnologia e, consequentemente, no nosso dia a dia. No olhardigital.com.br, junto ao texto que acompanha esta matéria, separamos link para você ver algumas maravilhas que o grafeno já vem fazendo ao redor do mundo. Entenda como a nossa internet deve ficar muito mais rápida, como o material foi utilizado na confecção de músculos robóticos e até como o grafeno vai influenciar na fotografia.
Veja o vídeo no link: http://olhardigital.uol.com.br/video/36814/36814