O Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann recebeu o mexicano Kevin David Ramírez Oaxaca, de 17 anos, em agosto de 2016, durante seu intercâmbio na cidade de Horizontina, realizado pelo programa do Rotary Club Internacional. Ele reside na cidade de Toluca, a 70 km da capital, Cidade do México.

Neste ano, que completa essa semana, Kevin estudou no 2º ano do Ensino Médio e agora, está no Terceirão do CFJL. Em Horizontina, Kevin hospedou-se na casa de três famílias que o acolheram neste tempo, sendo Alceu bottega e Márcia Trentin, Ivonir e Neiva Bialas, Lúcio e Dirce Fenner. Também nesse período, a aluna do CFJL, Rafaela Bialas esteve num intercâmbio, no México, e retornou essa semana para casa.

Kevin conta que a seleção para o intercâmbio foi realizada por uma prova de conhecimentos da cultura do México e que não era necessário ser membro do clube para participar. “O intercâmbio era um sonho, sim, tinha vontade de conhecer o Brasil. Muito pela sua natureza, para aprender o português, que não é uma língua muito falada e também por saber que o povo brasileiro é muito querido, assim como os mexicanos. Entre as opções, estavam os EUA e a França. Um mês após a prova de seleção, e apresentação de documentos, me ligaram dizendo que iria fazer o intercâmbio nos EUA, e depois me confirmaram que era no Brasil. Fiquei muito contente. Eu imaginava que eu estaria morando numa favela, nas montanhas. E eu descia tomando meu café, cumprimentando as pessoas, dançando samba”, diz ele, rindo. “Mas não foi isso que aconteceu. Era o que eu imaginava, que encontraria pessoas de pele mais escura que eu, e acabei sendo eu o mais escuro por aqui”, brincou.

Ele ficou encantado com as belezas naturais da nossa região e também das praias, mas o passeio inesquecível foi para as Cataratas do Iguaçú. 

 

“Adorei a comida do Brasil!”

Kevin disse que uma das melhores coisas do Brasil é a culinária. E mesmo sem ter o hábito da pimenta aqui na região, Kevin aprovou muitos pratos. Eles usam a pimenta tajin, que é utilizada em frutas, como maçã, manga e melancia, além de outros tipos utilizados em diversos acompanhamentos, pois eles gostam de “fogo na boca”.

Lá não se conhece a receita de brigadeiro, mas Kevin garante que vai fazer em Toluca, assim que voltar, pois gostou muito da mistura dos ingredientes, que inclusive, possuem lá. Um doce bastante típico do México é o arroz doce, com canela, que se costuma servir como sobremesa.

Em Toluca, não existem espetos, nem churrasqueiras. O garoto disse que aprendeu a fazer churrasco, com picanha e costela, sendo os seus preferidos. “Quero levar alguns espetos e já avisei meu pai para construir uma churrasqueira! É muito bom o gosto da carne!”, diz ele. O costume na sua cidade é o uso de churrasqueiras elétricas, com chapas ou grelhas, comumente utilizam bifes e carnes para tacos, servidas com molho de pimenta.

Por ser uma cidade muito alta em relação ao mar, é uma cidade muito fria, e o sorvete é saboreado apenas no verão. A estação chega a temperatura máxima de 28 graus, e Kevin confirma que suou muito no verão gaúcho, em que foi registrada sensação térmica de mais de 40 graus.

“O chimarrão me surpreendeu muito. Cheguei por volta de meia noite em Porto Alegre e logo me serviram um chimarrão. Aceitei meio desconfiado, aquela coisa verde, muito amarga e quente. Mas disse que gostei, porque não poderia recusar algo assim na primeira vez. Mas com o tempo aprendi a apreciar  e hoje, eu gosto muito! Tererê doce e gelado, também provei e gostei!

 

Ensino brasileiro

Neste período, Kevin estaria no 2º ano do Ensino Médio, pois o ano letivo em Toluca inicia em julho. Aqui, ele chegou com conteúdos um pouco atrasados e os colegas do CFJL estavam um pouco mais a frente, entretanto, alguns conteúdos já conhecidos dele, outros ainda não estudados pelos brasileiros, mas teve o auxílio de professores. Na disciplina de Física, a professora lhe ensinou em espanhol, por exemplo.

Ao retornar, Kevin fará uma prova para saber em que nível de aprendizado está, mas acredita que voltará ao 2º ano, sendo que agora, já cursa o Terceirão no CFJL. “Eu já imaginava que poderia atrasar os estudos, mas nada se compara ao ganho cultural de um intercâmbio, é uma experiência única”, disse.

Ele destaca as amizades que fez no CFJL e falou sobre o jeito de ser dos jovens horizontinenses. “São pessoas muito acolhedoras. Eles perguntavam coisas e mesmo eu não entendendo muito bem, me senti muito confortável na Escola, desde o primeiro dia! Sinto o tempo tão curto! Eu não gostaria de ir embora ainda, era para ter ido em 5 de junho e adiei, para agosto. É um povo que me faz sentir apaixonado pela cultura, assim como eu sou apaixonado pela nossa cultura do México, vi aqui um povo que é apaixonado e orgulhoso de sua cultura e por isso gostei muito de Horizontina”, afirma.

Ele pensa em cursar Gastronomia, ou Relações Institucionais, pois quer aprender outros idiomas, como alemão. “Tentaram falar em alemão comigo, mas não aprendi nada! Conheci um intercambista da Alemanha, que está em Panambi, ele disse que tinha certeza que 80% das pessoas lá, falam alemão, ele foi no CTG e conversou com dezenas de pessoas em alemão, é engraçado. No México, se você quiser aprender inglês, deve estudar em escolas particulares ou fazer curso específico em escolas de inglês. Estar no estrangeiro é muito caro, preciso aprender ao máximo tudo o que puder”, diz Kevin.

Aqui no Brasil, ele aprendeu a língua portuguesa com os “irmãos” brasileiros, que eram crianças e conversavam muito, especialmente o irmão da aluna Rafaela Bialas. Ele afirma que foi o garotinho que o ajudou a aprender. “Tinha um curso para eu fazer, no México, mas meu pai disse que era muito caro e me desejou boa sorte, que eu me virasse aqui mesmo, hahaha. Mas é uma língua bem complicada, muitas conjugações, verbos diferentes. Mas aprendi um pouco, consigo entender a maioria das situações já e como o irmão da Rafaela conversava bastante comigo, me ajudou ”, declarou.

No dia do voo para o México, Kevin aproveitará para assistir ao jogo do Grêmio, que aprendeu a admirar. “Voo para o Panamá e de lá, para Cidade de México, e de lá, vou para Toluca, onde minha família que irá me buscar. Foi a primeira vez que saí do meu país e que fiquei tanto tempo longe de meus pais. Mas indico para todos os jovens, se puderem, façam um intercâmbio, vale muito a pena”, encerrou.

Kevin ao centro, com Alceu Bottega, uma das famílias que acolheram o rapaz no intercâmbio